Gonçalves Dias:

Embora Gonçalves de Magalhães seja considerado o introdutor do Romantismo no Brasil, foi, na verdade, Gonçalves Dias quem implantou e solidificou a poesia romântica em nossa literatura. Sua obra pode ser considerada a realização de um verdadeiro projeto de construção da cultura brasileira. Buscando captar a sensibilidade e os sentimentos de nosso povo, o poeta criou uma obra voltada para o índio e para a natureza brasileira, numa linguagem simples e acessível, envolta, muitas vezes, num clima de sensualidade e erotismo. Seus versos, tais como aqueles que fazem parte da célebre "Canção do Exílio", são melódicos e exploram métricas e ritmos variados. Produziu também poemas religiosos, de fundo panteísta, isto é, em que Deus é associado à natureza. Sua obra apresenta elementos líricos e épicos. Na épica, canta os feitos heróicos de índios valorosos que, na realidade, substituem, a figura do herói medieval europeu. Na lírica, os temas mais comuns são a pátria, a natureza, Deus, o índio e o amor não correspondido. De sua produção épica destaca-se "I-Juca-Pirama". O poeta narra a história vivida por índio tupi que cai prisioneiro de uma nação inimiga, os timbiras. O drama do prisioneiro reside nos sentimentos contraditórios provocados por sua prisão: de um lado, deseja morrer lutando, e, de outro, deseja viver para cuidar do pai, doente e cego. O prisioneiro é libertado e afirma que voltará a se entregar quando seu pai vier a falecer. os timbiras não acreditam em seu argumento e acusam-no de covarde. Posteriormente, o índio reencontra o pai, leva-lhe alimento, mas o velho, percebendo o cheiro das tintas e os ornamentos do ritual, descobre-lhe o segredo. O pai nega o próprio filho. Então o velho tupi conduz o filho à tribo timbira e pede que ele seja sacrificado. Mais adiante, o pai amaldiçoa o filho, este para provar sua coragem, luta contra a tribo inimiga, como um verdadeiro herói. No último canto do poema, são afirmadas as qualidades heróicas do guerreiro, que se transforma em mito nas tradições indígenas. O título do poema, extraído da língua tupi, significa o que há de ser morto. A poeisa lírica de Gonçalves Dias é um dos pontos altos de toda a lírica nacional. Cultivou versos de rica construção formal, equilibrada, sem cair nos exageros românticos. Seu equilíbrio de linguagem e seus temas preferidos serviram de modelo a muitas gerações de poetas que o sucederam, tanto no Romantismo quanto em outros movimentos literários subsequentes.

Poemas:

"Canção do exílio"
"O canto do Guereiro"
"O canto do piaga"
"O canto do índio"
"Caxias"
"Deprecação"
"O Soldado espanhol"
"A leviana"
"A minha musa"
"Desejo"
"Seus olhos"
"Inocência"
"Pedido"
"Desengano"
"Minha vida e meus amores"
""
""
""
""
""

Voltar